Jun 09, 2025 (Grupo CMA via COMTEX) --
São Paulo, 9 de junho de 2025 - As exportações da China para os Estados Unidos caíram 35% em
maio na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a maior queda desde fevereiro de 2020, quando
os embarques foram severamente afetados pelos primeiros impactos da pandemia. Essa retração
ocorreu mesmo após uma trégua comercial entre os dois países, que reduziu temporariamente tarifas
bilaterais. A queda acentuada mostra os efeitos prolongados da guerra tarifária iniciada na gestão
do presidente Donald Trump. As informações são da agência de notícias "Dow Jones".
Apesar da queda nas exportações para os EUA, a China compensou parte dessa perda com aumento
nos embarques para outras regiões, como o Sudeste Asiático e a União Europeia. Ainda assim, o
crescimento geral das exportações desacelerou, com alta de 4,8% em maio, abaixo da expectativa de
5,6% e inferior aos 8,1% registrados em abril. O ambiente de incertezas levou empresas chinesas e
importadores americanos a anteciparem pedidos para aproveitar os 90 dias de alívio tarifário
estabelecidos no recente acordo.
Autoridades dos dois países continuam negociando em Londres, mas a desconfiança mútua
permanece. Os EUA acusam a China de não cumprir promessas, como a retomada das exportações de
terras raras, enquanto Pequim critica as restrições americanas à exportação de chips de IA e à
emissão de vistos para estudantes chineses. A guerra comercial continua influenciando o
redirecionamento de fluxos comerciais e criando instabilidade para fabricantes e exportadores.
Além disso, os dados internos da China revelam fragilidade na demanda doméstica. As
importações caíram 3,4% em maio, e os preços ao produtor recuaram 3,3%, a maior deflação em
mais de um ano, refletindo o excesso de oferta e a competição agressiva entre empresas. A
inflação ao consumidor também caiu pelo quarto mês consecutivo. O governo chinês tenta reverter
esse cenário com estímulos econômicos, como cortes nas taxas de juros e programas de incentivo ao
consumo.
Por fim, mesmo com um crescimento de 5,4% no PIB no primeiro trimestre, sustentado por
exportações antecipadas, analistas preveem desaceleração econômica no segundo semestre. O
excedente comercial chinês aumentou para US$ 103,22 bilhões em maio, mas a fraqueza da demanda
interna e as tensões comerciais seguem como obstáculos. A recente queda agressiva nos preços de
veículos da BYD é um sintoma da competição acirrada e pode acirrar uma nova guerra de preços no
setor automotivo.
Vanessa Zampronho / Safras News
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