Dec 18, 2024 (Grupo CMA via COMTEX) --
São Paulo, 18 de dezembro de 2024 - As montadoras japonesas Honda e Nissan anunciaram que
estão explorando uma fusão em meio ao declínio dos resultados da Nissan e às dificuldades
enfrentadas por ambas as montadoras no mercado chinês. As negociações destacam como o rápido
crescimento da China no mercado automotivo global está reconfigurando a indústria. Segundo
comunicado conjunto, as empresas ainda não tomaram uma decisão final, mas discutem colaborações
futuras, especialmente em tecnologias de eletrificação, buscando reduzir custos de
desenvolvimento. As informações são da agência de notícias "Dow Jones".
Ambas as montadoras enfrentam desafios no maior mercado automotivo do mundo, sendo surpreendidas
pela rápida transição da China para veículos elétricos e híbridos plug-in. A Nissan também
lida com resultados fracos nos Estados Unidos, agravados por sua reestruturação global, que inclui
cortes de 9.000 empregos e redução de 20% na capacidade de produção. Já a Honda, que busca
saídas voluntárias para trabalhadores em sua joint venture na China, também ajustou para baixo
suas previsões de vendas e lucros anuais.
Analistas apontam que a pressão de concorrentes como Tesla e BYD, além da necessidade de
pesados investimentos em direção autônoma e software, impulsionou as conversas de fusão. Apesar
de uma possível sinergia em compras e desenvolvimento de tecnologias, a união apresentaria
desafios devido às diferenças culturais e sobreposição de portfólios de veículos. Na bolsa de
Tóquio, as ações da Nissan subiram 23,7%, enquanto as da Honda caíram 3%, refletindo o
desequilíbrio de poder entre as empresas.
A história recente da Nissan também pesa: nunca se recuperou totalmente após a prisão de
Carlos Ghosn em 2018 e o subsequente rompimento da aliança com a Renault, que reduziu sua
participação na Nissan no ano passado. Esse contexto, combinado com a queda de 90% na receita
operacional no primeiro semestre de 2024 e a perda de participação de mercado para marcas
chinesas, levou a Nissan a buscar novos caminhos para sobreviver em um mercado cada vez mais
competitivo.
Se a fusão for adiante, Honda e Nissan juntas ocupariam o terceiro lugar no ranking global de
vendas, atrás apenas de Toyota e Volkswagen. A indústria automotiva japonesa tem se dividido
gradualmente em dois grandes blocos: um liderado pela Toyota, que mantém participações em Subaru,
Mazda e Suzuki, e outro que poderia ser encabeçado por Honda, Nissan e Mitsubishi, com a Nissan
possuindo cerca de 25% da Mitsubishi. A união das forças das duas rivais históricas seria um
marco na tentativa de fortalecer sua posição em um mercado global em transformação.
Vanessa Zampronho / Safras News
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